20 de jul. de 2010

Sobre as malcriações em locais públicos... ou privados!

Hoje estive no supermercado com meus dois filhos. Entre uma gôndola e outra, ouvimos gritos. Minha filha, magrela e falante, avisou: “Xiii... mãe, tem criança fazendo malcriação!” Disse com um certo arzinho de repreensão, como alguém que já passou desta fase. Nem tanto... ela só tem 6 anos de idade e seu irmão, 9. Mas sua observação em tom de superioridade, tinha mesmo procedência. Do alto dos seus 6 anos, minha filha considera inadmissível uma criança gritar com a mãe. Sim, era uma mãe que envergonhada, tentava tirar do carrinho um produto que a criança cismou em comprar. Nós também nos sentimos mal presenciando a situação, porque a criança não era tão pequena e ainda assim, gritava e esperneava incontrolavelmente. Fiquei me perguntando como mãe e filho chegaram a este ponto. O bebezinho nasceu, pequeno e fofo, totalmente dependente de seus pais. Cresceu, aprendeu a andar, falar, fazer algumas coisas sozinho, mas... tomar suas próprias decisões? Onde foi que a dependência se perdeu? Uma criança, ao nascer, ainda não é um ser civilizado, ela é dominada pelas suas vontades, estabelecidas no aqui e agora, sem avaliação de causas e conseqüências. A criança é impotente mas tem um forte sentimento de onipotência a ser domado pelos pais, que são os primeiros responsáveis por tornar a criança um ser civilizado. Para que isso aconteça, a autoridade de seus pais é indispensável. Um indivíduo equilibrado, capaz de controlar e expressar seus sentimentos e necessidades de maneira civilizada, se constrói com a oposição. Espera-se que a vida familiar aconteça num clima de paz, alegria e afetividade. Em muitos momentos, é assim mesmo, a família é o ninho, o aconchego. Mas nem sempre paz e amor traduzem bom desempenho familiar. O que percebo é que pela preservação do ambiente acolhedor, os pais evitam as divergências com os filhos, poupam sua energia, cedem aos caprichos, desistem do “não” em favor do silêncio, da serenidade, da convivência pacífica. Grande engano! As crianças naturalmente sempre se opõem aos limites e o enfrentamento diário é necessário para a formação de uma pessoa segura, autoconfiante. Digo por experiência própria, se os pais dispensarem toda sua energia em impor os limites nos quatro primeiros anos de vida da criança, após esta fase, é só curtir! Dá uma tristeza ver que a vida social de muitos pais é restrita aos costumes, horários, hábitos ou simples vontades de filhos tão pequenos! Muitos pais perdem amigos e oportunidades por não poder levar seus filhos a eventos, festas, locais públicos, porque seus filhos não sabem se comportar... É preciso desde o nascimento, enfrentar, medir forças com as crianças, ensinar respeito e comportamento e para tanto, não é preciso grandes manobras psicológicas, nem procedimentos mirabolantes. Basta que cada membro da família cumpra com seu papel. Avós servem para “estragar” as crianças nos finais de semana, bem como os tios. Aos pais, cabe estabelecer e fazer cumprir o lugar da criança na família desde o seu nascimento. Por exemplo, na minha experiência bem sucedida de mãe, o lugar do recém nascido é no berço, no quarto do bebê. Pode parecer cômodo para os pais, dispensar os cuidados ao bebê no quarto do casal, mas este é o primeiro sinal de que as pessoas desta família não conhecem e não respeitam os lugares uns dos outros. Huuum... mas isto é assunto para outro “tricô” nosso... Por agora, deixo meu recado: vale a pena divergir muito com seu filho nos quatro primeiros anos de vida. É como um treinamento para toda a vida. Depois deste intensivão, sua criança sempre saberá e confiará em quem deve fazer as escolhas por ela, sem discussão e ponto final! Ligia Fonseca

FAMÍLIA UM LAÇO QUE NÃO PODE SER DESFEITO

Pensamos que priorizar laços familiares (pais, irmãos, avós, filhos, primos), é algo muito difícil em nossos dias. Porém creio ser algo que simplesmente não queremos fazer. Afinal de contas dá trabalho, ou nem sempre estamos dispostos a tolerar a inconveniência de alguém que deveríamos amar. O que tem acontecido é que, depois de casados os filhos, o casal começa freneticamente a investir nos laços desfeitos. Aquele tio, aquele primo, e às vezes até mesmo aquele irmão ou irmã que ficou esquecido lá no passado, são procurados. Alguns até morreram, e nem mesmo do enterro participamos, não tivemos tempo de dar os pêsames aos familiares chorosos pela perda do querido. O que precisamos é evitar ao máximo brigas, discórdias, e qualquer tipo de atitude ou de palavra que desfaça os laços familiares. O perdão, a compaixão, a misericórdia, são elementos imprescindíveis para a manutenção dos laços familiares. Precisamos também priorizar pessoas e não o que as pessoas nos oferecem. Nem todos possuem uma casa no campo, ou na praia, mas são pessoas que deveríamos amar e investir nelas, são os nossos familiares. Talvez não nos tenham dado nada de material, mas com certeza algum exemplo nos deixaram. Esperamos que eles nos procurem, e eles esperam que os procuremos. Porque não procurá-los? São pessoas de nossa família, e que não podem ser descartadas porque não são aquilo que esperamos que sejam. O Senhor nosso Deus não mediu esforço algum quando se tornou como um de nós, para recuperar laços quebrados “...habitou entre nós, vimos a sua graça e conhecemos a verdade...” (João 1.14). Separar tempo, mesmo que para isso tenhamos que abrir mão de nossos deleites, é uma excelente maneira de investir em nossos familiares. Fazendo laços permanentes, e no futuro não nos arrependeremos desse investimento. Noé, por ordem do Senhor, construiu uma arca para salvar a sua família, e foi um trabalho de 100 anos (Hebreus 11.7). Talvez o seu esforço com o objetivo de recuperar laços familiares, não será tão grande quanto ao de Noé para salvar a sua família de um dilúvio. Seja lá qual for o seu esforço, creia, vale à pena manter, ou recuperar laços familiares.